Saúde Humana 1 de junho de 2022, 18:12 01/06/2022

Vacinas: as injeções que protegem você

Autores

Jovens revisores

Um desenho animado de uma médica conversando com uma paciente

Resumo

Amanhã, sua mãe vai levar você ao médico para tomar suas vacinas. Mas qual a necessidade dessas injeções se você é saudável e já tomou algumas quando era bebê? Esse artigo vai explicar as razões que tornam as doses de reforço essenciais para proteger você e seus irmãos e irmãs, mas também seus colegas de escola e amigos.

As vacinas: medicamentos especiais

Enquanto os remédios são comumente destinados as pessoas doentes, as vacinas são aplicadas em crianças ou adultos para protegê-los de doenças transmitidas por minúsculos organismos chamados micróbios. A vacinação é, até agora, a melhor maneira de prevenir as chamadas doenças infecciosas.

Sarampo, uma doença infecciosa esquecida

Quando seus avós tinham a sua idade, muitas crianças contraíam sarampo, uma doença causada por um vírus. Quase sempre se recuperavam. Mas, às vezes, a doença provocava complicações sérias nos pulmões ou no cérebro, que podiam ser fatais. Graças à vacinação, o sarampo praticamente desapareceu. Esse também foi o caso de várias outras doenças infantis, como a poliomielite, que causava paralisia das pernas. Até o momento, mais de dez doenças infecciosas podem ser evitadas graças às vacinas. Infelizmente, nem todas as crianças têm a oportunidade de se vacinar, seja porque vivem em regiões do mundo onde as vacinas não estão disponíveis ou são de difícil acesso, ou porque seus pais são contra a vacinação.

Alguns micróbios causam câncer

Em alguns indivíduos, a ocorrência de infecções persistentes podem causar câncer. Por exemplo, mulheres infectadas pelo vírus do papiloma humano às vezes desenvolvem câncer em uma parte do útero, um órgão essencial para a reprodução. A vacina é o meio mais eficiente para evitar esse tipo de câncer.

Os micróbios pulam de uma pessoa a outra

Os micróbios são transmitidos de pessoa a pessoa por diferentes caminhos. No caso do sarampo, um indivíduo infectado pode, teoricamente, contaminar outros vinte ao espalhar o vírus pelo ar. Esse é o processo que designamos chamamos de transmissão quando falamos de doenças infecciosas. Quanto mais infecciosa for a doença, mais importante será a vacinação.

Crianças vacinadas: uma cadeia mundial de solidariedade contra as doenças infecciosas

Quando você está vacinado, não apenas se protege contra o micróbio como diminui o risco de transmitir a doença a seus amigos e familiares. Isso se chama proteção de rebanho (Figura 1). Se a maior parte da população estiver vacinada, os micróbios não conseguirão se propagar. Acredita-se que, quando nove indivíduos em cada dez estão vacinados, toda a população fica protegida e a doença se torna “invisível”. No entanto, ela pode reaparecer a qualquer momento caso a proporção de pessoas vacinadas diminua. Infelizmente, é o que vem acontecendo com o sarampo e outras doenças infecciosas: nos primeiros seis meses de 2018, mais de quarenta mil europeus contraíram sarampo, embora se acreditasse que essa doença já houvesse desaparecido para sempre.

Figura 1: Proteção de rebanho.

Então, se a vacinação é importante, você já falou sobre ela com seus pais? Na verdade, a vacinação não se limita à infância. É necessário o acompanhamento e tomar as doses de reforço ao longo da vida, a fim de preservar os benefícios do medicamento. Isso será explicado mais adiante.

O papel do sistema imunológico nas doenças infecciosas

Para saber o que é uma vacina, você precisa primeiro entender como nossas defesas naturais funcionam, ou seja, como o nosso sistema imunológico age tua contra os micróbios perigosos. Pouco depois de entrar em nosso corpo, os micróbios geralmente se multiplicam e infectam nossas células, impedindo que funcionem de maneira adequada. Em alguns casos, conseguimos derrotar esse inimigo graças ao exército de células que compõem nosso sistema imunológico; mas, outras vezes, nosso sistema imunológico não consegue se livrar dos micróbios agressivos com eficiência e rapidez, o que resulta no aparecimento da doença.

Quando um micróbio invade nosso corpo, vários tipos de células entram em ação. As células chamadas linfócitos reconhecem pequenas porções dos micróbios, conhecidas como antígenos. Cada linfócito reconhece um antígeno específico e ataca os micróbios que o possuem em sua superfície. Alguns linfócitos agem liberando “armas” biológicas chamadas anticorpos. Essas armas, que lembram flechas, atingem os antígenos na superfície dos micróbios e geralmente os matam (Figura 2). Após a luta, vários linfócitos se lembram do micróbio e registram-no em sua memória. Essa memória permite a eles liberarem rapidamente grandes quantidades de anticorpos, no caso de um novo ataque. Se isto acontecer, os micróbios serão destruídos mesmo antes que você perceba que foi infectado.

Figura 2: Anticorpos produzidos por linfócitos reconhecem antígenos e matam micróbios

O que são as vacinas e como funcionam?

As vacinas estimulam seu sistema imunológico sem que seu corpo esteja doente [1]. Elas contêm antígenos inofensivos que lhe asseguram proteção dupla: primeiro, estimulam a produção de anticorpos que duram muito tempo em seu corpo; depois, criam memória no sistema imunológico. Por isso, quando seu corpo se depara com o micróbio, este é morto imediatamente (Figura 3).

Figura 3: Como as vacinas funcionam.

Para que tantas injeções?

Como os micróbios são diferentes uns dos outros, é preciso usar múltiplas vacinas. Não se preocupe; hoje já é comum administrar várias vacinas com uma única injeção.

Você talvez se pergunte: por que preciso receber várias vezes a mesma vacina ao longo da vida? A resposta é simples: nossa memória tem suas limitações e costumamos esquecer coisas. O mesmo se aplica ao nosso sistema imunológico, por isso é necessário despertar a memória dele repetindo a vacinação. As doses de reforço são realmente imprescindíveis para assegurar uma proteção eficaz contra as doenças infecciosas.

Quem pode ser vacinado?

Quase todas as crianças, de todo o mundo, podem ser vacinadas. Só umas poucas não podem, caso sofram de uma doença que afeta seu sistema imunológico: diz-se então que são imunodeficientes. Porém, graças à proteção de rebanho, as crianças vacinadas dão proteção também às doentes. 

Atualmente, as vacinas são dadas também a mulheres grávidas para proteção de seus bebês. A mãe vacinada transfere seus anticorpos para o filho durante a gravidez e, depois, pela amamentação. Isso é importante para proteger os recém-nascidos antes que possam, eles próprios, ser vacinados adequadamente contra certas doenças, como a coqueluche, que pode provocar uma grave infecção respiratória durante as primeiras semanas de vida.

Quais os riscos da vacinação?

Você sabe que as vacinas às vezes provocam um leve desconforto, mas a picada da agulha não é nada perto da doença que um micróbio pode causar.

As vacinas que você toma foram meticulosamente analisadas para garantir sua eficácia e segurança.

Por que algumas pessoas duvidam das vacinas?

Infelizmente, a informação disponível ao público sobre os benefícios e riscos das vacinas é muitas vezes incompleta ou mesmo errada, sobretudo na internet [2]. Algumas pessoas acreditam que as doenças infecciosas já não ameaçam as crianças e, portanto, ninguém mais precisa se vacinar. Esquecem-se de que, se as vacinas não forem aplicadas, as doenças logo reaparecerão.

Agora que você sabe o que são as vacinas, converse sobre elas com seus pais.

Glossário

Vacinas: Substâncias que protegem de doenças causadas por micróbios.

Micróbios: Microrganismos que provocam infecções e doenças como o sarampo.

Sarampo: Doença que afeta crianças não vacinadas.

Vírus: micróbios muito pequenos.

Linfócitos: Células brancas do sangue que produzem anticorpos e matam micróbios.

Antígenos: Partes dos micróbios que são reconhecidas pelos anticorpos.

Anticorpos: Armas que nosso organismo produz para atacar micróbios.

Referências

[1] Bloom, B. R. e Lambert, P. -H. (orgs.). 2016. The Vaccine Book, 2nd edn. (San Diego, CA: Academic Press).

[2] Arif, N., Al-Jefri, M., Bizzi, I. H., Perano, G. B., Goldman, M., Haq, I. et al. 2018. “Fake news or weak science? Visibility and characterization of antivaccine webpages returned by Google in diferent languages and countries.” Front. Imunnol. 9:1215. DOI: 10.3389/fimmu.2018.01215.

Citação

Neunez, M., Goldman, M., Goldman, S. e Lambert, P. (2019). “Vaccines, shots that protect you.” Front. Young Minds. 7:31. DOI: 10.3389/frym201900031.

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